Duolingo adota estratégia “AI-first” e reduz uso de contratados em mudança estratégica

O aplicativo de aprendizado de idiomas online Duolingo anunciou seus planos de se tornar uma empresa “AI-first”. Em uma publicação no LinkedIn nesta segunda-feira (28 de abril), a marca, muito querida pelos usuários, afirmou que fará uma transformação em sua plataforma para priorizar a inteligência artificial, movimento semelhante ao que fez ao apostar no mobile em 2012.

“Uma coisa não mudará: continuaremos sendo uma empresa que valoriza profundamente seus colaboradores”, dizia a publicação.

“Já estamos vendo a inteligência artificial transformar a maneira como o trabalho é realizado. Não se trata mais de se ou quando, e sim de agir agora. Quando ocorre uma mudança desse porte, o pior que você pode fazer é esperar”, afirmou Luis von Ahn, cofundador e CEO da Duolingo, relembrando o sucesso do lançamento do aplicativo móvel há mais de uma década.

Von Ahn destacou que a inteligência artificial aproxima ainda mais a empresa de sua missão. Segundo ele, a IA é essencial para escalar a criação de conteúdos, acelerar o crescimento e aprimorar recursos como a função de videochamadas.

“Adotar a estratégia AI-first significa repensar profundamente como trabalhamos. Pequenas adaptações em sistemas feitos para humanos não serão suficientes. Em muitos casos, teremos que começar do zero. Não vamos reconstruir tudo da noite para o dia, e algumas tarefas — como fazer a IA compreender nossa base de códigos — levarão tempo. No entanto, não podemos esperar a tecnologia estar 100% perfeita. Preferimos avançar com agilidade e, eventualmente, aceitar pequenas perdas de qualidade do que nos mover devagar e perder o momento certo”, acrescentou von Ahn.

Para orientar essa mudança, a Duolingo vai implementar “restrições construtivas”, como a redução do uso de contratados para funções que a IA pode assumir. A empresa também passará a considerar o uso de inteligência artificial como um critério importante em processos de contratação.

Além disso, o uso da IA será levado em conta nas avaliações de desempenho, e as equipes só receberão reforço de pessoal se não conseguirem automatizar suas tarefas. A maioria das áreas da empresa irá lançar iniciativas específicas para transformar, de maneira fundamental, a forma como operam.

“Apesar de tudo isso, a Duolingo continuará sendo uma empresa que se importa verdadeiramente com seus colaboradores. Não se trata de substituir os Duos por inteligência artificial. Trata-se de eliminar gargalos para que possamos fazer ainda mais com os excelentes profissionais que já temos. Queremos que você se concentre em trabalhos criativos e na solução de problemas reais, e não em tarefas repetitivas. Vamos apoiá-los com mais treinamentos, mentorias e ferramentas de IA específicas para sua função”, dizia o comunicado interno.

Von Ahn reconheceu que mudanças podem gerar insegurança, mas expressou confiança de que adotar a IA será um passo fundamental para a Duolingo. “Isso nos ajudará a cumprir melhor nossa missão e permitirá que os Duos estejam sempre na vanguarda no uso dessa tecnologia para alcançar resultados”, concluiu.

Em janeiro do ano passado, a Duolingo já havia reduzido cerca de 10% de seus contratados, em uma estratégia de transição para o uso de inteligência artificial generativa na criação de conteúdos. Segundo informações da CNN na época, a empresa dispensou alguns contratados no final de 2023 para abrir espaço às mudanças provocadas pela IA. A empresa também afirmou que nenhum funcionário efetivo foi impactado e que as demissões ocorreram apenas quando não foi possível realocar os profissionais em outras funções.

Outras empresas seguem caminho semelhante. Em fevereiro deste ano, a Salesforce, empresa norte-americana de softwares em nuvem, cortou mais de mil postos de trabalho enquanto reforçava sua equipe de vendas para produtos de inteligência artificial. Da mesma forma, a Meta prosseguiu com demissões baseadas em desempenho em janeiro, com a integração de IA desempenhando papel central na reestruturação operacional da companhia.